Jeremias era um tipo normal… um tipo normal que beijava de olhos abertos. As várias conquistas que foi tendo ao longo da vida achavam estranho, mas ele não se importava. "Porque é que não fechas os olhos quando me beijas, Jeremias?" perguntavam elas. E ele, sempre romântico, respondia "Para te poder ver dentro da alma". Jeremias não compreendia porque é que as outras pessoas fechavam os olhos quando se beijavam. Certo dia Jeremias, consumando o seu mais recente flirt, avançou intempestivo para os lábios de Júlia. Júlia era uma morena roliça, vivia duas ruas abaixo, no mesmo bairro, e desde muito jovem gostava do ar malandro de Jeremias. Mas Júlia, além de ter umas pernas de parar o trânsito e um peito que a fazia merecer os mais corantes piropos da populaça das obras, tinha também um nariz adunco, que às vezes a assemelhava a um pelicano. E foi nesse mesmo dia que Jeremias percebeu porque é que as outras pessoas fechavam os olhos quando se beijavam. O nariz enorme de Júlia, acompanhado com a intempestividade da paixão, fez os seus estragos, que só algumas semanas em S. José conseguiram recuperar, mas não totalmente. Jeremias ficou quase cego daquele olho.
Hoje as pequenas perguntam-lhe "Porque é que usas esses óculos de proteção quando me beijas, Jeremias?". Jeremias sorri e responde, sempre romântico "Para te poder ver dentro da alma", e continua a beijá-las de olhos abertos.
Hoje as pequenas perguntam-lhe "Porque é que usas esses óculos de proteção quando me beijas, Jeremias?". Jeremias sorri e responde, sempre romântico "Para te poder ver dentro da alma", e continua a beijá-las de olhos abertos.
eheheh, tu és fodido!...
ResponderEliminarSurpreendeste-me, estava à espera de uma coisa no inicio do texto e deste uma reviravolta bem fixe...eh!eh!
ResponderEliminarabraço
SAF
a Julia é versão feminina do Saramago, não é?
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