sábado, 9 de maio de 2009

Era uma vez um suicida

que de dia trabalhava num quarto andar. Durante a noite, dobrado sobre si próprio, com a cabeça escondida nos joelhos, balançava-se num acumular de planos.
No dia marcado, levantou-se, foi trabalhar, e, quando a meio da manhã uma janela explodiu, cuspindo entre alegres estilhaços o seu corpo no agradável ar fresco da rua, surpreendeu-o ver passar por si um fato de impecável corte. Vinha de um dos pisos superiores. Talvez fosse um alto quadro e ia em lançada queda livre. A graciosidade do salto sugeria (embora isso fosse absurdo) que não era a primeira vez que o fazia. O homem voava para os títulos dos jornais. Certamente, pensou já ao passar pelo primeiro andar, não podia esperar o mesmo impacto.

3 comentários:

  1. Filho da puta!!!

    Grande texto, meu filho da puta!!!

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  2. Neste momento estou com um sorriso de orelha a orelha que não consigo desfazer :-)

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  3. já estava com saudades de textos teus. Muito bom meu amigo...muito bom mesmo.

    abraço
    SAF

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