
Como o cão do gatilho que inesperadamente atinge o cartuxo de uma bala, as memórias explodiram dentro da sua cabeça. A dor que sentiu por todo o corpo foi das mais fortes que alguma vez sentira, e o grito que soltou fez-se ouvir por todos os corredores e plataformas da estação. Foi de um desespero tão grande que todas as pessoas pararam, muitas sem saberem o porquê de, de repente, se sentirem geladas por dentro, um gelo que nem com mil casacos poderiam evitar. Chorou, chorou tanto, ali sentado, e com uma desolação tal que ninguém tinha coragem de se aproximar.
Era uma de tantas tardes iguais a tantas outras. Faziam o caminho para casa, no mesmo comboio de todos os dias, saíram na estação de sempre, e quando chegaram à rua ele parou. "Deixa-me só acender este cigarro". Ela não ouviu, e começou a atravessar. Ainda lhe gritou um "Espera por mim", depois de soprar o fumo quente que lhe enchia o peito. Ela voltou-se e sorriu, o que viria a ser o seu último sorriso.
Era uma de tantas tardes iguais a tantas outras. Faziam o caminho para casa, no mesmo comboio de todos os dias, saíram na estação de sempre, e quando chegaram à rua ele parou. "Deixa-me só acender este cigarro". Ela não ouviu, e começou a atravessar. Ainda lhe gritou um "Espera por mim", depois de soprar o fumo quente que lhe enchia o peito. Ela voltou-se e sorriu, o que viria a ser o seu último sorriso.
Gostei muito da última frase, está muito fixe a dramática.
ResponderEliminarAbraço
SAF