
Ficou sem reacção. Ali, sentado, com os mesmos rios de pessoas que lhe passavam à frente, indiferentes ao sufoco que estava a sentir. "Como assim?", acabou por conseguir perguntar, alguns, muitos, segundos depois. "Como assim o quê?", devolveu-lhe o velho, "Morreu? Mas como é que morreu se está aqui?", "Bom, como seria fácil se isto fosse assim tão simples, se fosse tudo branco e preto. O problema é que há o cinzento, que é onde eu estou", "O cinzento?", "Sim, o cinzento. O azul claro, o verde escuro, o meio-tom, sei lá... O que lhe quiseres chamar.", "Ok... Vamos supor que isso faz sentido, o que está a fazer aqui?", "Pois, isso não sei... Apenas estou aqui. E nisso, meu amigo, não somos assim tão diferentes, certo? Ou por acaso sabes dizer-me o que fazes aqui? Qual é o teu propósito na vida?". Olhou para o velho friamente, sem dizer nada. "Pois, não sabes, não é? Não sabes o teu propósito na vida, e eu não sei o meu na morte. É a mesma coisa!"
Sem comentários:
Enviar um comentário