
Sentia-se demasiado confuso. Era muita informação sem nexo a ribombar dentro da sua cabeça, e se por um lado sentia uma enorme vontade de sair dali, por outro sentia também uma grande vontade de perceber o que se estava a passar. Respirou fundo várias vezes, na tentativa de recuperar algum do seu auto-controlo, tarefa titânica quando temos alguém a falar com a nossa própria voz dentro da nossa própria cabeça. "Então se você está mesmo morto, e eu o consigo ver, e não estou, como foi que isto se passou? Como é que isto acontece?", "Pois, isso não sei. A realidade vai muito além daquilo que os nossos sentidos apreendem e do que conseguimos perceber" disse-lhe o velho. "Ok, até aceito essa coisa da metafisica e essas tretas todas, mas isto é muito mais difícil quando o vivemos", "Pois é", "Mas então, se as outras pessoas não o vêem porque você está morto, as outras pessoas também não a vêem a ela... Porque ela... Ela...". Olhou para o velho de olhos muito abertos, "Sim", respondeu o velho, "Ela também não faz parte do teu mundo".
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