sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O "depois"

Tirou um cigarro do maço e, num gesto rápido de profissional do fumo, acendeu-o com a ajuda do isqueiro a gasolina. Gostava sempre de fumar um cigarro depois de estar com uma bela mulher. Quer dizer... não precisava de ser bela. Ficava ali, sentado no escritório, na penumbra, só com a pouca luminosidade proveniente do candeeiro de rua que orbitava em frente à janela. A luz entrava às fatias, cortada pelo estore velho que já não subia, descia ou fechava, e naqueles momentos apreciava o ar sombrio e taciturno do pequeno espaço que servia a sua actividade profissional. A ponta do cigarro ajudava à festa... era o toque de génio para o quadro ser mais encarniçado e, por isso, não se cansava de puxar, em longos tragos, pelo fumo, respirando-o, sentindo-o entrar pela boca, pela garganta, aquele toque áspero na traqueia, e depois a invasão quente dos pulmões. "Como é que há loucos que não gostam disto?" pensava vezes sem conta, enquanto se entregava ao prazer carnal de um cigarro.

2 comentários:

  1. Ah, não fossem as alterações, se eu me conseguisse lembrar onde é que já li isto...
    :-)

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  2. Achei que valia a pena voltar a pegar nisto :-)

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