Tirou um cigarro do maço e, num gesto rápido de profissional do fumo, acendeu-o com a ajuda do isqueiro a gasolina. Gostava sempre de fumar um cigarro depois de estar com uma bela mulher. Quer dizer... não precisava de ser bela. Ficava ali, sentado no escritório, na penumbra, só com a pouca luminosidade proveniente do candeeiro de rua que orbitava em frente à janela. A luz entrava às fatias, cortada pelo estore velho que já não subia, descia ou fechava, e naqueles momentos apreciava o ar sombrio e taciturno do pequeno espaço que servia a sua actividade profissional. A ponta do cigarro ajudava à festa... era o toque de génio para o quadro ser mais encarniçado e, por isso, não se cansava de puxar, em longos tragos, pelo fumo, respirando-o, sentindo-o entrar pela boca, pela garganta, aquele toque áspero na traqueia, e depois a invasão quente dos pulmões. "Como é que há loucos que não gostam disto?" pensava vezes sem conta, enquanto se entregava ao prazer carnal de um cigarro.
Ah, não fossem as alterações, se eu me conseguisse lembrar onde é que já li isto...
ResponderEliminar:-)
Achei que valia a pena voltar a pegar nisto :-)
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