terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

rascunhos

Nas profundezas do útero morno da floresta vivia um carvalho, uma bela e imponente árvore, uma árvore sólida e robusta, uma árvore tão majestosa e inamovível que, se isso não contrariasse o equilíbrio natural das coisas, poder-se-ia dizer que servia de ancoradouro ao sol. O carvalho era uma árvore admirada por árvores! Um dia, foi abatido. O tronco foi atirado ao rio e levado pela corrente. Uma fábrica processou a madeira e depois outra empresa adquiriu os lotes, transformando-os a seguir numa série limitada de caixões comemorativos.

“100 anos a enterrar os outros”, podia ler-se junto às pegas.

António depositava grandes esperanças no caixão. Deitado no seu interior, pensa: “Vou envelhecer com qualidade.”

2 comentários: