domingo, 30 de janeiro de 2011

O fim...

Matei-me! Andava há meses a pensar nisso... as noites de insónias, o vazio, a falta de qualquer propósito... o saber que ninguém queria saber! Por isso... Matei-me! Encontrar uma arma não foi difícil. Meia-dúzia de telefonemas, outra meia-dúzia de notas grandes, e pronto. "Quantas balas queres?"... que raio de pergunta! Uma, claro! Não devo conseguir espetar mais do que um tiro na cabeça, certo?!? Tremia tanto... engraçado como, mesmo antes do fim, o nosso corpo se agita, grita clemência, usando truques baratos como os nervos. Mas pronto... compreendo... Isto só se vive uma vez, e é natural que toda a réstia de vida em nós se una para evitar o final... o seu próprio final. O cano parecia um cubo de gelo encostado à têmpora. Tive que fazer muita força para o manter o mais possível centrado... ainda me ocorreu um pensamento do ridículo que seria se eu falha-se. Que incompetência suprema não conseguir sequer rebentar com os próprios miolos!!! Mas enfim... respirei fundo, olhei uma última vez para o meu reflexo no espelho, e não falhei!

3 comentários: