quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ouvi do outro lado da rua alguém dizer...

Meti-me no carro, ainda afundado em lágrimas. Quem disse que um homem não chora? Arranquei, com os pneus a deixarem marcado a negro, no chão, o que me ia na alma. Não queria pensar em mais nada, queria fugir, desaparecer, mas o peso do que o destino me tinha guardado pesava-me. Enxuguei as lágrimas com as mãos e abri o porta-luvas à procura de um lenço de papel quando encontrei o envelope. Dizia "para ti", simplesmente... O coração gelou-me por completo. Era ali... era ali que estariam as justificações, os relatos, os ferros que me marcaram bem lá no fundo, para sempre. As lágrimas como que secaram, as mãos tremiam-me ainda mais, e sem perceber muito bem como, embati contra o carro que circulava à minha frente. "Merda!! Merda!! Mil vezes merda!!! Só me faltava mais esta!!" pensei enquanto abria a porta. "O senhor viu o que fez?!?" exclamou a mulher à minha frente. Se ao menos ela soubesse o que eu estava a passar, "Oh minha senhora..." gaguejei. "E ainda dizem que as mulheres é que são umas nabas ao volante!!" ouvi do outro lado da rua alguém dizer...

3 comentários:

  1. está fixe :-) é um momento, não é? a história não é toda sobre um momento?...

    ResponderEliminar
  2. Exacto! Agora é darem a vossa visão do momento... ;-)

    ResponderEliminar
  3. é um momento dentro de uma história(?)

    ResponderEliminar