segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Apenas e só! (parte 2)

"Larga-me!", gritei-te quando me tentaste agarrar. "Como é que conseguiste?". Como é que é possível alguém fazer o que tu fizeste? Só me apetece chorar, gritar... A tua boca queria falar, mas os teus olhos disseram mais do que todas as palavras que naquele momento me pudesses dizer. "Tantos sonhos... tantas recordações... e agora? Diz-me.. e agora?", continuei. E agora? O que vai ser de mim? Sem ti... O que queres que eu faça? Como queres que eu sobreviva a isto? "Não dizes nada? Vais ficar calada?", acusei, na tentativa vã de me dizeres que era mentira... que tudo não passava de um gigantesco mal entendido. Mas não, e não aguentei mais. "Vou-me embora! Não consigo olhar mais para a tua cara! Amanhã passo por cá, quanto tu não estiveres, para levar as minhas coisas.", foi a última coisa que consegui dizer antes de sair porta fora... sem sequer olhar para trás. E o que me custou não olhar para trás, sabes? Deixei uma parte de mim (a mais importante?) para trás daquela porta, e não sei quando poderei recuperar, quando e como é que vou prosseguir. Isto é tudo demais para mim. Sou apenas humano, sabes? Apenas e só!

3 comentários:

  1. Já andava para fazer um exercício destes há algum tempo. É engraçado como é tão pouco explorado, e eu acho que poderia ser bastante interessante escrever algo assim, em que as partes exteriorizadas (neste caso os diálogos) são comuns a ambos os narradores, mas que depois só o leitor omnisciente sabe o que vai dentro de cada um. E assim, com o evoluir da história se vai compreendendo o enredo.
    Mas se calhar sou só eu que acho, e isto não tem interesse nenhum... :-)

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  2. Por acaso até tem bastante interesse, e não acho que seja assim tão pouco explorado como isso, embora neste caso tenha ficado com a impressão que o afloraste muito superficialmente - isto não é nenhuma critica, porque tu ao menos fizeste-o, o que é mais do que posso dizer sobre mim próprio :-)

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  3. Eu sei que digo muitas vezes que gostei muito, mas acreditem que é mesmo verdade. Gostei bastante destes textos, até porque só na escrita, e sobretudo neste exercício que fizeste, é que temos a noção do que é que vai na cada um...ao contrário da realidade. Devias experimentar este exercício em várias situções.
    Bjs amigos

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